Mas é preciso arriscar...

 « (…) Já sete horas”, disse para consigo ao ouvir de novo o despertador, “já sete horas e um nevoeiro destes.” E durante uns instantes ficou quieto, respirando baixinho, como se esperasse do silêncio absoluto a reposição da situação real e natural. (…) preparou-se para balançar o corpo a todo o comprimento, fazendo-o cair assim de uma vez de cima da cama. Se se deixasse cair desta maneira, a cabeça, que ele levantaria ao máximo ao tombar, não devia sofrer nada. As costas pareciam ser duras, e não lhes aconteceria nada se caíssem em cima do tapete. O que mais o preocupava era a ideia do estrondo que isso iria provocar, e do susto, ou pelo menos da preocupação que tal baque iria causar atrás de todas as portas. Mas era preciso arriscar. (…)» (“A Metamorfose”, Franz Kafka).
Mas é preciso arriscar... e tu o que estás disposto a arriscar?

Estou disposto arriscar todas as minhas certezas e incertezas. Tudo aquilo em que acredito e em que não acredito.
Tenho a certeza que vou amar, sofrer e ser feliz, mas quais são as minhas incertezas? As minhas incertezas formam-se quando as minhas certezas se "cruzam".
Será que podemos ser felizes no sofrimento? Depende do sofrimento, se o sofrimento for um sofrimento de amor, amor por alguém, é um sofrimento bom, e podemos ser felizes nestes sofrimento; mas quando sofremos pela morte de alguém que nos é próximo podemos ser felizes neste sofrimento? - Não.


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